Eu não estava aborrecida.
Isso é um sentimento de quem se preocupa e a preocupação encontrava-se em todos menos em mim.É uma mistura de desatenção com desconsideração cada vez maior e inconsciente,talvez,se me quiser fazer de boazinha e de mentirosa.
Na verdade não estava mesmo nada aborrecida, só que ele não me dava vontade de acordar no próximo dia,nem de dormir aquela noite com ele.
Não me dava vontade de nada, nem sequer de o amar e por isso decidi que não o ia fazer mais.Ia seguir em frente por outro caminho e se encontrasse alguém que me fizesse levitar naturalmente óptimo,se não encontrasse seria feliz na mesma sozinha.
Estranho quando alguém nos ignora numa relação ,-que está à partida condenada - ,e ainda acha que toda a culpa é nossa.Estranho quando alguém acha que o amor é infinito mesmo que hajam erros uns atrás dos outros e este se vai manter imutável.
Estranho,os homens acharem que uma mulher quando ama suporta tudo até mesmo a rotina e que ela é um dado adquirido e nada mais.
Ama,faz amor,faz sexo,acende um cigarro e amanhã ama-o novamente,discute,faz amor,discute e faz sexo até os inverno chegar.
Aquele apartamento nunca foi meu e dele deixou de o ser aos poucos porque nunca vivia nele,apenas existia,comia e dormia.
Ah,e fodia-me.
Sei lá se fazia amor,se aquilo era amor.Nunca na vida tinha amado e toda aquela relação me parecia demasiado trágica para ser o “amor”.
Quando deixo alguém,ou alguém me deixa, tenho duas reacções.Uma,choro compulsivamente por mais um falhanço sozinha,depois respiro fundo e tomo a decisão seguinte:ignoro.
Não ligo,não mando mensagens,não falo,não quero saber nem se é vivo ou morto.
Ele percebeu o meu descontentamento e disse em vão que me amaria eternamente,enquanto eu acendia mais um cigarro despreocupada,mas com uma sensação de vómito e angústia interior.
Maldito Marlboro ,ou então, gostava mesmo dele.
Porém havia outra pessoa na minha vida.
Eu mesma.
Odeio relacionar-me com pessoas que não me perguntam se quero incendiar o mundo.
Disponível aqui ó.
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