Para J, que está descompensada.

É preciso deixar ir. 

É absolutamente necessário encerrar o capítulo para, enfim, começar novamente.

Não adianta perguntar porque não antes, ou porque não comigo; se as coisas não aconteceram da forma que você gostaria...paciência! 

Refaça ou aceite...estagne ou ande, mas tome uma decisão; não se deixe levar pelas decisões dos outros. Tenha pulso e tenha fé e, ainda quando tiver dúvida, tenha dúvidas bem convictas. Se permita ter dúvidas...faz parte. 

Mas amiga, pensa comigo: No seu tempo havia saídas, havia alegria, havia espontaneidade? Ai, ai, amiga...a resposta é NÃO. 

Quantas vezes você saiu sozinha ou deixou de sair pra não sair sozinha? Nem vou conferir, você sabe. 

E só pra nomear meus argumentos: se agora ele vai pro show de Biquíni Cavadão (que ele sabe que você adora) e vai assistir Geraldo Azevedo (que você também ama) e nunca fez isso antes alegando cansaço, sono, compromissos e etc e tal...acorda! Não era com você que ele queria fazer essas coisas... 

Simplesmente siga. 

O melhor que você pode fazer por você é estar muito bem quando se encontrarem novamente e de preferência com o seu melhor vestido e em cima de um salto alto poderoso. 

Ah...mais uma coisa: amiga, please, cresce!

Hábitos morrem aos poucos.

Pensou na situação logo que acordou- afinal era isso que ela fazia nos últimos anos- reviveu as últimas situações que ela teria que encaixar no já tão tumultuado cotidiano e pegou-se imaginando se ele, onde diabos estivesse, teve o mesmo clarão de ideias repentinas e absurdas sobre o que fazer com tanto tempo e liberdade. Considerava bobagem este tipo de pensamento, afinal, foi justamente para não ter que pensar estas coisas que findou um relacionamento que, por ironia, acabava de completar as bodas de ferro...Mas, vá lá, foi para não pensar nele e começar a pensar em si que finalmente acabou.