quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A marca que você deixa nas pessoas...

Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era muito pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém.

Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhosos morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer numero de telefone e até hora certa.

Minha primeira experiência pessoal com esse gênio na garrafa veio num dia que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo um martelo. A dor era terrível, mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia. Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido até que pensei: O telefone!
Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente a cômoda da sala.

Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu disse:
- Uma informação, por favor.

Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido.
- Informações.

- Eu machuquei o meu dedo....", disse, e as lagrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência.

- A sua mãe não está em casa? - ela perguntou.

- Não tem ninguém aqui... - eu soluçava.

- Está sangrando?

- Não - respondi - Eu machuquei o dedo com o martelo, mas tá doendo...

- Você consegue abrir o congelador? - Ela perguntou. Eu respondi que sim. - Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo - disse a voz.

Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor", por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philadelphia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas. Então, um dia, Petey, meu canarinho, morreu. Eu liguei para "uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável.

Eu perguntava:
- Por que e que os passarinhos cantam tão lindamente e traz tanta alegria para gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola?

Ela deve ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente:
- Paul, sempre lembre que existem outros mundos, onde a gente pode cantar também...". de alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.

No outro dia, lá estava eu de novo.

- Informações - disse a voz já tão familiar.

- Você sabe como se escreve exceção?

Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico. Quando eu tinha 9 anos, nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia aquele aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala.

Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Freqüentemente, em momentos de dúvidas ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo. Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo às ligações de um menininho.

Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala se Seattle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o numero da operadora daquela minha cidade natal e pedi:

- Uma informação, por favor.

Como num milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: - Informações.

Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: ‘Você sabe como se escreve exceção?´. Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave:

- Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul.

Eu ri.

- Então, é você mesma - eu disse - Você não imagina como era importante para mim naquele tempos!!!

- Eu imagino - ela disse - E você não sabe o quanto significavam para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse...

Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visita-la quando fosse encontrar a minha irmã.

- É claro - ela respondeu - Venha até aqui e chame a Sally.

Três meses depois eu fui a Seattle visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu:

- Informações

Eu pedi para chamar a Sally.

- Você é amigo dela? - a voz perguntou.

- Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul...

- Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas.

Antes q eu pudesse desligar, a voz perguntou:

- Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?

- Sim...

- A Sally deixou uma mensagem para você. Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse. Eu vou ler para você.

A mensagem dizia: "Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender."

"NUNCA SUBESTIME A "MARCA" QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS."

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Está no dicionário: Tristeza: [Do lat. tristitia.] S.f. 1. Qualidade ou estado de triste. 2. Falta de alegria. 3. Pena, desalento, consterna...