De manhã cedo, essa senhora se conforma
Põe* a mesa, tira o pó,
lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece
De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem graça e abraça
Aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz.
Pela tardinha*, essa menina se namora
Se enfeita, se decora,
sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista,
isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz.
De madrugada, essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama,
vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quantos homens enlouquece
nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
e agradece ao destino aquilo tudo
que a faz tão infeliz.
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em *quem esbarro a toda hora no espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural.
* no original, Bota, De tardezinha, Em que
"Lαdo α lαdo com o desejo de defender α própriα intimidαde, há o desejo intenso de me confessαr em público e não α um pαdre." [Clαrice Lispector]
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