sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais
(...)
Não sei se a gente pode continuar amigo.
Não sei se em algum momento cheguei a ver você completamente como Outra pessoa, ou, o tempo todo, como Uma Possibilidade de Resolver Minha Carência.
Estou tentando ser honesto e limpo.
Uma possibilidade que eu precisava devorar ou destruir.
Porque até hoje não consegui conquistar essa disciplina, essa macrobiótica dos sentimentos, essa frugalidade das emoções.
Fico tomado de paixão.
Há tempos não ficava.
E toda essa peste, meu amigo.
O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, “esse lugar confuso”, o Amor um dia.
E de repente te proíbem isso.
Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida, aos 36 anos, tão pouco.
Nem vivi nada ainda.
E não sou sequer promíscuo.
Dum romantismo não pós, mas pré todas as coisas – um romantismo que exige sexualidade e amor juntos.
Nunca consegui.
Uns vislumbres, visões do esplendor.
Me pergunto se até a morte – será?
Será amor essa carência e essa procura de amor, nunca encontrar a coisa?
(...)
Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos.
E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura
(...)
Estou te querendo muito bem neste minuto.
Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.
Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz.
Você é muito lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé.
Mesmo que a gente se perca, não importa.
Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro.
Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,

Caio F.

p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.
E amanhã tem sol.

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