Não importava o que tão animados se diziam: eles mesmos eram para serem vistos, como a cidade. E se alguém os visse de longe enxergaria um saltimbanco e um rei. Caminhar depressa os alegrava – o rei sorria e era belo, o saltimbanco se esforçava em caretas de graça: havia um descontrole mecânico no caminhar de ambos – eram uma só pessoa com uma perna curta e outra comprida, a beleza do rapaz e o horror, a flor e o inseto, uma perna curta e outra comprida subindo, descendo, subindo. Por vezes o rapaz parecia andar para a frente e a moça ao redor dele dançava: era quando ele sorria divino e puro, e Lucrécia Neves falava – e assim os outros viam.
[A Cidade Sitiada, página 46, Ed. Rocco.]
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