- O que você viu naquele cara?
- Cara?! Que cara?! - Ana arqueava as sobrancelhas sem entender ao certo o que Lúcio quisera dizer, assim, de súbito. Era horário do almoço, e nessas horas, o pátio da escola ficava apinhado de gente, e, devido a isso, ficava um pouco impossível de entender algo se a pessoa não gritasse. Mas não era isso, Ana estava se fazendo de desentendida naquele momento.
- Aquele Cara!!! - Lúcio apontava para um garoto de óculos. Altura mediana, olhos castanhos amendoados. Parecia muito tímido, absorto em seus pensamentos com algo que não seria de interesse algum de nenhuma outra pessoa. Exceto de Ana. Por alguns instantes, o mesmo olhou em direção dos dois, como se percebesse que estes falavam dele.
- Não sei que graça você viu nele! Ele é tão...tão sem sal, tão normal Ana! - Lúcio falava mais em forma de súplica do que de afirmação. Ana riu. De certa forma, se divertia com aquilo. Passou os seus livros para o outro braço, olhando em seguida na direção do rapaz mencionado, fazendo com que seus olhares se encontrassem. Seu rosto ficara rubro, e não aguentando encará-lo, a mesma abaixou a cabeça, desconcertada.
- Ana...Olha pra mim!!! O que aquele idiota tem que eu não tenho?! Qual é o problema?! - Lúcio gritava desesperado. Desde que era uma criança que agia com agressividade, caso as coisas não saíssem de seu modo. Sentia-se com o ego ferido, por ter sido trocado por um garoto que de acordo com o que pensara, não possuía atrativo algum. Isso o irritara, já que este era acostumado a ter todas as garotas aos seus pés. Menos Ana.
Dessa vez, ele puxou o seu braço, deixando os livros desta caírem com um estrondo no chão. Começou a falar mais alto do que seria possível, fazendo um grupo de olhares sobressaltados olharem na direção dos mesmos. E mais uma vez, Lúcio perguntou-lhe:
- Ana, o que aquele idiota tem, que eu não tenho?
Ana encarou Lúcio com um olhar frio e sem vida. Seus olhos podiam ficar bastante gelados quando ela queria. Livrou-se com agressividade dos braços do mesmo, passando a mão pelo vestido, agora amarrotado. E disse-lhe com os dentes semi-cerrados:
- Aquele "idiota" tem, o que você NUNCA vai ter Lúcio! - Proferiu isso abaixando-se para pegar os seus livros, sentindo que estava sendo observada por um monte de alunos que olhavam curiosos em sua direção. Lúcio, ainda irritado, sem entender ao certo o que Ana quisera dizer com aquilo, tornou a pergunta-lhe:
- O que ele tem que eu não tenho?! Ou até mesmo o que eu nunca terei?!
Ana levantou-se passando a mão pelos seus livros para limpá-los, e sem se virar, lançou-lhe mais uma vez um olhar frio por cima dos ombros e proferiu pausadamente:
- O meu AMOR Lúcio!
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